terça-feira, 6 de dezembro de 2011
TVI recebe Macedo - As perguntas que se querem respondidas
Acabei de saber que amanhã o ministro Miguel Macedo irá ser entrevistado na TVI24.
Confio que a TVI saberá escolher um jornalista competente que faça correctamente o seu trabalho e que lhe coloque as perguntas certas.
Esperando contribuir para que esta iniciativa não seja uma conversa de café decidi escrever por forma a sintetizar o que lhe deve ser perguntado. Pode ser que chegue aos olhos do jornalista e ele ou ela poupem algum trabalho.
Sobre os acontecimentos da Calçada da Estrela:
Versão policial:
Foi detido um cidadão alemão por polícia à paisana porque era procurado pela Interpol, tinha agredido barbaramente um polícia junto às grades que ficou ferido com gravidade e porque este "alemão" era procurado por outra agressão à polícia na Alemanha.
Factos:
O ministério público informou hoje que o "alemão" não era procurado pela Interpol e que não havia qualquer caso pendente na Alemanha. A polícia sempre informou que naquele dia tinha ficado UM e só UM agente ferido com gravidade. O agente ferido na Calçada da Estrela é esse polícia ferido, esteve a ser assistido no local pelos seus companheiros e foi transportado numa ambulância.
Perguntas:
Porque é que a polícia disse que o detido era procurado pela Interpol?
Porque é que a polícia disse que o detido tinha agredido antes da detenção um polícia de forma bárbara?
Porque foi efectivamente detida essa pessoa?
Como confiar nos relatos que a polícia faz? Se a polícia mente quando presta declarações no dia seguinte aos acontecimentos, sem pressão, como se pode manter confiança política nos seus comandantes?
Sobre a actuação do dia 24 no Parlamento.
Versão policial:
Houve um grupo de pessoas que deitaram as grades abaixo e a polícia actuou de forma proporcional, contida e competente para sanar o problema e garantir que a AR não fosse invadida.
Houve manifestantes que foram violentos e a polícia usou o bastão e procedeu a detenções.
Factos:
De todos os vídeos, testemunhos e fotos constata-se que as grades caíram, que houve pessoas que tentaram ocupar de forma exaltada mas pacífica as escadarias e que a polícia intervêm à bastonada para garantir o estabelecimento do perímetro de segurança inicial.
Nas fotos em que são vísíveis "manifestantes" a entrarem em "vias de facto" com a polícia são claramente identificados dois homens um com casaco azul e outro com casaco castanho que noutras fotografias estão a prender manifestantes e um jornalista do jornal i.
Perguntas:
O que faziam policias à paisana dentro da manifestação? Isto é normal num estado democrático?
E porque estavam esses polícias exactamente no local dos confrontos e a tomar posições activas na contenda?
O que se entende por uma acção contida, proporcional e competente por parte das forças policiais quando as acções mais violentas são perpetradas por polícias à paisana?
Sobre a exemplar actuação da polícia e as infiltrações
Versão policial:
A polícia usa sempre a força proporcional e nunca usa agentes infiltrados, tal não vem previsto na lei. A polícia teve um comportamento exemplar.
Guedes da Silva informa que a polícia estará presente "e poderá ser mais dura". E ameaça ainda que "é para isso que cá estamos e o equipamento é para ser usado".
Factos:
Há vídeos e fotos que demonstram a presença activa de agentes à paisana na manifestação de dia 24 de Novembro e de 15 de Outubro.
Os agentes à paisana, no dia 15 de Outubro, na primeira linha da manifestação em São Bento gritam "Fascistas, fascistas, deviam estar aqui!" e "Filhos da P***" para os colegas, enquanto abanam violentamente as barreiras de protecção. Estes agente tornam-se "pacificadores" quando a barreira policial é quebrada e a escadaria policial é pacificamente ocupada. (ver vídeo postado ontem- via 5 dias).
Os policias da agressão na Calçada da Estrela do dia 24, conjuntamente com os seus bastões retracteis voltaram a entrar para dentro da manifestação.
Os agentes à paisana presentes no dia 24 de Março na frente da tentativa de ocupação de escadarias entram em confrontos com os seus colegas policias quando eles intervêm.
Perguntas:
Qual o sentido de colocar policias à paisana numa manifestação num estado democrático? Qual o objectivo?
Onde fica a linha entre prevenção de actos violentos e a interferência nos legítimos movimentos de contestação social?
O que vai fazer relativamente aos agentes à paisana, infiltrados nas manifestações e que têm papel de agentes provocadores na primeira linha da manifestação?
Porque foi tão célere o comando da polícia e o ministro a concluir que a actuação policial tinha sido exemplar quando no dia seguinte surgiram tantas provas de situações mal explicadas e de falsidades nos relatos dos acontecimentos? Porque abriram um inquérito de averiguações quando já tinham as conclusões?
Compactua com o tom de ameaça que o (ainda) comandante Guedes da Silva utiliza?
Pergunta final que se impõe: Quando entrega a sua carta de demissão? Quanto tempo vai manter Guedes da Silva à frente da polícia?
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