quarta-feira, 21 de março de 2012

Neoliberalismo(s)

Vale a pena ler a entrevista do New Left Project (parte 1, parte 2) a Dieter Plehwe, co-editor do excelente "The Road from Mont Pélérin: The Making of the Neoliberal Thought Collective" com Philip Mirowski, provavelmente o melhor intérprete do(s) neoliberalismo(s) como projecto intelectual e comunidade epistémica.

Três pontos a reter:

  • Cometer o erro conceptual de reduzir o projecto neoliberal a um anti-estatismo libertário signifca reduzir a amplitude da crítica que lhe devemos dirigir para podermos desacreditá-lo;
  • O projecto neoliberal é progressista e reaccionário, conservador e radical - a sua potência transformadora reside nessas contradições;
  • A interacção entre ideias neoliberais e acção política neoliberal é muito complexa, mas não pode ser explicada sem ter sensibilidade histórica (as observações de Plehwe acerca da economia social de mercado alemã são muito interessantes) e institucional (cartografando, por exemplo, o ecossistema de instituições promotoras da hegemonia, como a Faculdade de Economia da Nova, a SEDES ou a recém-chegada Fundação Francisco Manuel dos Santos).
Vale mesmo a pena. Para ler os editoriais da imprensa financeira e as intervenções públicas de intelectuais com outra perspectiva. E para não subestimar aquilo que estamos a enfrentar: trata-se de um projecto consolidado e com raízes históricas de grande densidade.

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