No dia 24 de Novembro último, dia de greve geral e manifestações de apoio a esta última um pouco por todo o país, uma badalada detenção percorreu — a custo — todos os telejornais.
Por volta das 18h, já de noite, enquanto a maioria dos manifestantes se mantinha em frente ao Palácio de S. Bento, algumas pessoas tinham-se afastado e circulavam na Calçada da Estrela. Entre os transeuntes encontrava-se um membro do Portugal Uncut, Nuno Bio, com alguns amigos e ainda a deputada do BE, Ana Drago.
De repente, alguns gritos chamaram a atenção para uma cena de agressões físicas: um grupo de quatro ou cinco pessoas espancava um rapaz, primeiro sem armas e depois utilizando bastões extensíveis. Os amigos deste último e os transeuntes gritavam por socorro e pela polícia. A cena foi filmada por um telemóvel de quem assistiu — imagens entretanto retiradas do Vimeo, mas que se mantêm no Youtube e que aparecem em todas as reportagens televisivas sobre o assunto — e ainda pela RTP que, tendo imagens suas não deu a notícia.
À chegada dos agentes fardados da PSP os agressores foram afastados da vítima sem qualquer tentativa de detenção, guardaram novamente os bastões e distanciaram-se, enquanto os agentes fardados detinham a vítima, transportando-a para um carro. Percebeu-se, portanto, que eram agentes à paisana. Este facto foi confirmado quando um deles, tendo ficado ferido (não é claro se pela vítima ou por uma bastonada de um colega), foi transportado para o hospital na mesma ambulância que o repórter da SIC agredido violentamente pela polícia nas escadarias da AR. O agente ferido reportado pela PSP é então este agente à paisana envolvido na agressão da Calçada da Estrela.
Durante várias horas os meios de comunicação foram informados do incidente, receberam o vídeo e fotografias, mas não demonstraram qualquer receptividade a dar notícia do acontecimento. Afinal, o espancamento brutal de um cidadão desarmado por polícia à paisana não tem qualquer interesse editorial. Só no dia seguinte, após muita insistência, a TVI decidiu dar notícia do espancamento com entrevista de testemunhos e um pedido de esclarecimento junto da PSP. Depois da primeira notícia os restantes órgãos de comunicação viram-se obrigados a não ficar atrás.
Entretanto, o Ministro da Administração Interna tinha desvalorizado os acontecimentos e elogiado o comportamento da polícia e a PSP reportava um agente ferido gravemente. A sequência das declarações pode ser vista na reportagem da SIC. Nesta última ficamos ainda a saber por declarações da PSP que o detido era alegadamente um cidadão extremamente perigoso e procurado pela Interpol.
Na sexta-feira todos os detidos durante a manifestação foram ouvidos em tribunal. O rapaz detido neste episódio fica a aguardar julgamento em Portugal e em liberdade. Não há, afinal, qualquer processo internacional e a sua perigosidade não é tanta que não possa aguardar julgamento em liberdade. Acusação: agressão de um agente da autoridade e nada que implicasse o anunciado mandato de captura internacional da Interpol. Ficámos assim a saber que a polícia não tem qualquer problema em mentir para a televisão, inventando versões de factos que lhe pareçam favoráveis — mas que, mesmo que provassem ser verdadeiras, nunca explicariam a brutalidade da agressão na detenção de um indivíduo que, como se vê nas imagens, não oferece resistência nem mostra deter quaisquer armas.
Todos os detidos durante a manifestação foram soltos o mais tardar no dia seguinte. Na sexta-feira à tarde já não estava ninguém detido. Nalguns casos as queixas foram retiradas, consideradas improcedentes e noutros aguardam julgamento em liberdade.
Por volta das 18h, já de noite, enquanto a maioria dos manifestantes se mantinha em frente ao Palácio de S. Bento, algumas pessoas tinham-se afastado e circulavam na Calçada da Estrela. Entre os transeuntes encontrava-se um membro do Portugal Uncut, Nuno Bio, com alguns amigos e ainda a deputada do BE, Ana Drago.
De repente, alguns gritos chamaram a atenção para uma cena de agressões físicas: um grupo de quatro ou cinco pessoas espancava um rapaz, primeiro sem armas e depois utilizando bastões extensíveis. Os amigos deste último e os transeuntes gritavam por socorro e pela polícia. A cena foi filmada por um telemóvel de quem assistiu — imagens entretanto retiradas do Vimeo, mas que se mantêm no Youtube e que aparecem em todas as reportagens televisivas sobre o assunto — e ainda pela RTP que, tendo imagens suas não deu a notícia.
À chegada dos agentes fardados da PSP os agressores foram afastados da vítima sem qualquer tentativa de detenção, guardaram novamente os bastões e distanciaram-se, enquanto os agentes fardados detinham a vítima, transportando-a para um carro. Percebeu-se, portanto, que eram agentes à paisana. Este facto foi confirmado quando um deles, tendo ficado ferido (não é claro se pela vítima ou por uma bastonada de um colega), foi transportado para o hospital na mesma ambulância que o repórter da SIC agredido violentamente pela polícia nas escadarias da AR. O agente ferido reportado pela PSP é então este agente à paisana envolvido na agressão da Calçada da Estrela.
Durante várias horas os meios de comunicação foram informados do incidente, receberam o vídeo e fotografias, mas não demonstraram qualquer receptividade a dar notícia do acontecimento. Afinal, o espancamento brutal de um cidadão desarmado por polícia à paisana não tem qualquer interesse editorial. Só no dia seguinte, após muita insistência, a TVI decidiu dar notícia do espancamento com entrevista de testemunhos e um pedido de esclarecimento junto da PSP. Depois da primeira notícia os restantes órgãos de comunicação viram-se obrigados a não ficar atrás.
Entretanto, o Ministro da Administração Interna tinha desvalorizado os acontecimentos e elogiado o comportamento da polícia e a PSP reportava um agente ferido gravemente. A sequência das declarações pode ser vista na reportagem da SIC. Nesta última ficamos ainda a saber por declarações da PSP que o detido era alegadamente um cidadão extremamente perigoso e procurado pela Interpol.
Na sexta-feira todos os detidos durante a manifestação foram ouvidos em tribunal. O rapaz detido neste episódio fica a aguardar julgamento em Portugal e em liberdade. Não há, afinal, qualquer processo internacional e a sua perigosidade não é tanta que não possa aguardar julgamento em liberdade. Acusação: agressão de um agente da autoridade e nada que implicasse o anunciado mandato de captura internacional da Interpol. Ficámos assim a saber que a polícia não tem qualquer problema em mentir para a televisão, inventando versões de factos que lhe pareçam favoráveis — mas que, mesmo que provassem ser verdadeiras, nunca explicariam a brutalidade da agressão na detenção de um indivíduo que, como se vê nas imagens, não oferece resistência nem mostra deter quaisquer armas.
Todos os detidos durante a manifestação foram soltos o mais tardar no dia seguinte. Na sexta-feira à tarde já não estava ninguém detido. Nalguns casos as queixas foram retiradas, consideradas improcedentes e noutros aguardam julgamento em liberdade.
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