quinta-feira, 19 de maio de 2011

Manifesto Plural (traduzido)

Quarta-feira, 18 de Maio de 2011

Pontos de acordo sobre o manifesto plural redigido durante a madrugada de 18 de Maio, na Puerta del Sol



Os manifestantes, reunidos na Puerta del Sol, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram declarar o seguinte:

1. Depois de muitos anos de apatia, um grupo de cidadãs e cidadãos, de diferentes idades e extractos sociais/profissionais (estudantes, professores, bibliotecários, desempregados, trabalhadores...), REVOLTADOS com a sua não-representação e com as traições levadas a cabo em nome da democracia, reuniram-se, na Puerta del Sol, em torno da ideia de Democracia Verdadeira.

2. A Democracia Verdadeira opõe-se ao paulatino descrédito de instituições que dizem representar os cidadãos e foram convertidas em meros agentes de administração e gestão, ao serviço das forças do poder financeiro internacional.

3. A democracia promovida a partir dos aparatos burocráticos corruptos é, simplesmente, um conjunto de práticas eleitorais inócuas, em que os cidadãos têm uma participação nula.

4. O descrédito da política trouxe consigo um sequestro das palavras, por parte de quem detém o poder. Devemos recuperar as palavras e re-significá-las, para que a linguagem não seja instrumento de manipulação e não se deixe a comunidade cidadã indefesa e incapaz de uma acção coesa.

5. Os exemplos de manipulação e sequestro da linguagem são numerosos e provam que se trata de uma ferramenta de controlo e desinformação.

6. Democracia Verdadeira significa nomear e clarificar a infâmia em que vivemos: Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu, NATO, União Europeia, as agências de notação financeira, como a Moody’s e a Standard and Poor’s, o Partido Popular, o PSOE; contudo, há muitos mais e a nossa obrigação é nomeá-los.

7. É preciso construir um discurso político capaz de criar um novo tecido social, sistematicamente fragilizado por anos de mentiras e corrupção. Nós, cidadãs e cidadãos, perdemos o respeito pelos partidos políticos maioritários, mas isso não equivale a perder o nosso sentido crítico. Pelo contrário, não tememos a POLÍTICA. Tomar a palavra é POLÍTICA. Procurar alternativas de participação cidadã é POLÍTICA.

8. Uma das nossas propostas principais é uma Reforma da Lei Eleitoral, que devolva, à Democracia, o seu verdadeiro sentido: um governo cidadão. Uma democracia participativa. E, para além disso, exigimos um código deontológico aos políticos, que assegure boas práticas.

9. Somos intransigentes nisto: as cidadãs e cidadãos aqui reunidos compõem um movimento TRANSGERACIONAL, porque pertencemos a várias gerações condenadas a uma perda intolerável de participação nas decisões políticas que informam e definem a sua vida quotidiana e o seu futuro.

10. Não apelamos à abstenção. Exigimos que o nosso voto tenha uma influência real na nossa vida.

11. Hoje, não estamos aqui para reclamar, simplesmente, o acesso a hipotecas ou para protestar contra as insuficiências do mercado de trabalho. ESTE É UM EVENTO HISTÓRICO. E, como tal, um evento capaz de legar novos sentidos às nossas acções e discursos. Tudo isto nasce da RAIVA. Mas a nossa RAIVA é imaginação, força, poder cidadão.

(tradução de Luís Bernardo)


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