Ainda não foi ontem que se conheceu o desfecho de mais uma etapa da situação grega, porque os ministros da zona euro puseram mais duas condições para a concessão do resgate: que o pacote que Atenas trouxe a Bruxelas seja aprovado pelo parlamento grego e que sejam encontrados mais uns trocos (325 milhões de euros) em cortes de despesas deste ano.
Mas são já conhecidas as medidas adicionais deste plano grego, nomeadamente:
- Redução em 22% do salário mínimo nacional, actualmente nos 751 euros. Para os jovens com menos de 25 anos, a redução será de 32%.
- Congelamento do salário mínimo para os próximos três anos.
- Aumentos salariais congelados até à taxa de desemprego descer para os 10% (19% actualmente).
- Despedimento de 15 mil funcionários públicos até ao fim de 2012.
- Redução em 15% das pensões de funcionários de empresas estatais.
- Privatização até ao final de Junho de várias empresas detidas pelo Estado, no sector do gás, petróleo e águas.
Perante esta verdadeira tragédia, qual foi a reacção praticamente generalizada no nosso serão televisivo, de comentadores e jornalistas destacados em Bruxelas? Em resumo: É uma excelente notícia para Portugal, embora seja pouco provável que isto resolva o problema grego e que o povo aguente. Ou, em português mais corrente: eles que se lixem porque enquanto o pau vai e vem folgam as nossas costas.
Quando o país que se seguir a nós na fila de espera reagir deste modo ao que nos for imposto, acharemos bem? Será que se tem consciência do que isto realmente significa? É esta a «união» europeia que se pretende defender, os valores morais que erguemos em baluarte?
(Publicado originalmente em Entre as brumas da memória)
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