quinta-feira, 14 de abril de 2011

Estela e o terceiro-mundismo

"A economista Estela Barbot, que ainda há umas semanas dizia que não restava outra alternativa ao país senão a ajuda externa, está agora preocupada com a imagem de Portugal no estrangeiro. E aponta o dedo ao Governo de José Sócrates, que tanto gastou, sem nada ter.

«O ponto a que chegámos está a afectar a imagem do país, das empresas e a credibilidade do país cá fora. Portugal está a ser visto como um país de terceiro mundo. Como portuguesa, estou preocupada», alarma Estela Barbot."


Confesso não perceber o estado de espírito da senhora. O FMI não é aquele fundo por quotas especializado em pacotes cegos (traduzido para novilíngua: "Programas de Ajustamento Estrutural"/"Documentos de Estratégia Nacional para a Redução da Pobreza"), que aplicou, durante décadas, no "Terceiro Mundo", seja lá o que isso for? Pois bem, aí está Portugal a acolher, como mandam as regras da hospitalidade, os técnicos do FMI. Até se transforma em terreno conhecido, vejam só. E a sra. Barbot ainda se queixa?

Sintomático. A conselheira do FMI está preocupada com a caracterização do país enquanto "terceiro-mundista" (e nem sequer lhe ocorre a estupidez retrógrada de tal etiqueta). A catástrofe social e económica, que uma série crescente de movimentos sociais, como o Portugal Uncut, começa a combater, é-lhe indiferente. Revela-nos algo sobre a disposição institucional dominante no FMI, no BCE e na Comissão Europeia.

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