Enquanto o BCP, o BPI e o BES quiseram, as portas estiveram fechadas. Os tribunos da banca falaram, em tom de comando. E agora, na Portela, desempoeira-se a passadeira rosa-laranja. Os portugueses voltarão a saber o que significa transaccionar a coisa pública por mãos cheias de nada. De acordo com Dani Rodrik, economista sério e insuspeito de heterodoxias pecaminosas, as reformas estruturais não são a poção mágica que alguns economistas supõem ser. Nada que convença os fazedores de opinião, famintos de novas cogitações em torno do radioso futuro de Portugal, versão ajustada, cortada e austerilizada. Não vão tocar no Centro Internacional de Negócios da Madeira, aposta-se.
A pergunta (entre muitas) que me ocorre é a seguinte: quando já não restar património público alienável, sectores estratégicos e monopólios naturais que suscitem a fúria dos neodevoristas, vende-se o sol e a lua? Ou o Sabor e o Tua? Talvez uma pernita ou uma mãozita? Sempre se transformavam os portugueses em bens transaccionáveis...
Não, a resistência ainda agora começou. E ela faz-se, também, com perguntas. Sobretudo se forem consideradas singelas, idiotas e básicas pelos produtores de verdades irreversíveis. Acabou o tempo da ignorância confortável. Para todos nós. E para eles também.
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