sábado, 30 de abril de 2011
Fomos ao BPN Fazer Umas Perguntinhas...
quinta-feira, 28 de abril de 2011
No banco dos réus?
P.S. - Em off, alguém me fez notar, com toda a pertinência, que os recentes responsáveis pelo Banco de Portugal estão certamente na primeira linha dos candidatos a réus.
(publicado também em Entre as brumas da memória)
Nada é feito por acaso
O FMI prevê lucros de cerca de 360 milhões de euros no ano fiscal de 2011, depois da revisão em alta em 63 por cento das previsões de resultados operacionais.
Estas previsões refletem os efeitos dos empréstimos à Grécia e à Irlanda, mas não têm em conta o empréstimo que será feito a Portugal, cujo valor ainda não foi fixado.
Os empréstimos à Irlanda e à Grécia, no seguimento da crise da dívida soberana, que atingiu as economias periféricas da zona euro, são dos maiores na história do fundo. A Grécia paga ao FMI cerca de 3,3 por cento pelo empréstimo e a Irlanda entre três e quatro por cento, segundo o prazo dos empréstimos.
De acordo com o que se prevê, o empréstimo a Portugal será de valor bastante superior aos da Grécia e Irlanda.
Fonte: Lusa
quarta-feira, 27 de abril de 2011
BPN às Costas, FMI à Perna
Cortes
Muito se tem falado, principalmente nos setores à direita e centro, de cortes a fazer em despesas do estado incluindo na educação. Questionando a que ponto podemos criar uma sociedade melhor ao reduzir no investimento em futuro mais próspero, a educação, não deixamos de quase concordar com esta ideia. Existe de facto uma área da educação e não só que pode, e deve ser cortada, a Educação Moral e Religiosa (Católica). Assinalamos Católica, porque esta é sem dúvida a única opção na maioria das escolas. No entanto, esta não é a linha dos setores atrás assinalados. Os cortes que propõem prendem-se com pagar ordenados a funcionárixs.
Este texto não é sobre números, é sobre princípios. Sinceramente não sabemos quanto tem sido gasto com isto, assim como nos outros cortes propostos (neste texto), no entanto mesmo que fosse 1 único cêntimo, era 1 cêntimo mal gasto. O estado português é, supostamente, um estado laico. Um estado livre de influências religiosas e de gastos com qualquer religião seria o desejável. Como se justifica que o estado financie e apoie qualquer religião? No caso das pessoas que elaboraram este texto, somos Wiccans portanto poderíamos solicitar qualquer pagamento ou financiamento a todas as religiões pelo estado. Não é esta a nossa postura, muito pelo contrário!
As religiões são associações livres de pessoas que partilham crenças, ideias, fé, emoções. Tirando a fé a semelhança com clubes desportivos, recreativos, culturais ou outros é mais que coincidência. Não se defende de forma nenhuma o fim das religiões ou a discriminação de quem queira seguir uma qualquer religião. Muito pelo contrário a ideia é promover a diversidade religiosa. As religiões podem e cobram pelos serviços prestados e cerimónias a que presidem. Porque temos nós que pagar por isto? Se eu quero ter uma cerimónia e a minha religião cobrar isso, cabe-me a mim decidir se quero pagar ou não. É um ato livre meu e da comunidade onde me insiro. Porque paga o estado (todxs nós) por isto. Porque se paga por cada converso a uma religião um bónus? Se a organização tem mais crentes, bom para ela, tem mais gente a quem pedir dinheiro. Porque tem que ser um estado laico a pagar isto?
No caso da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) a situação é agravada pela Concordata. De acordo com o artigo 19, ponto 4 da mesma, aprendemos que a contratação e demais processos relacionados com professorxs de religião e moral cabe ao estado. Pelo artigo 22 aprendemos que os monumentos nacionais, afinal estão permanentemente afectos à ICAR, mas fica melhor, a conservação, reparação e restauro do mesmo cabe a quem? Se apostaram nxs contribuintes acertaram em cheio! Ou seja a (ICAR) gentilmente aluga-nos (sem cobrar renda por enquanto) aquilo que é o nosso património cultural... Pelo artigo 24 sabemos que o estado português não pode demolir, ocupar, expropriar, requerer, transportar ou reutilizar qualquer edificio, dependência ou artigo propriedade da ICAR, excepto acordo prévio ou motivo urgente de necessidade pública, sendo a ICAR sempre consultada, mesmo para decidir quanto vão receber de indemnização. Pelo artigo 25 aprendemos ainda que bens imóveis, aquisições de bens para fins religiosos, ou verbas dadas à mesma instituição estão isentas de qualquer imposto. Por último é no artigo 17 que se define que nas forças armadas os párocos são igualmente da responsabilidade do estado. Sentem-se roubadxs? Nós também!
Ocorrer uma taxação mesmo que mínima (algo a rondar 1%) das doações às igrejas, sinagogas, mesquitas, etc seria igualmente importante. Seria uma nova fonte de rendimento para o estado (consequentemente todxs nós) e dada a taxa ser baixa, pouco impactaria nos rendimentos de cada culto. Por outro lado estes cultos teriam liberdade de se financiarem, mantendo o estatuto de entidades sem fins lucrativos, não se pode aceitar é que com esta excepção continuem a acomolar ganhos e património de forma totalmente arbitrária. Até porque estas instituições servem de intermediários para ajudar quem necessita e sendo necessários (cidadxs individuais que pudessem organizar um apoio continuado e sustentado de quem mais precisa é impensável) não deixam de ser intermediários. Como tal precisam de pagar salários, manter instalações, adquirir equipamentos, etc. E na manutenção e crescimento precisam de dinheiro, precisam de meios. Poderia, tal como em tantos outros pontos da sociedade fiscalizar e regular os salários, de forma a aumentar progressivamente os salários inferiores e diminuir as distâncias para os salários superiores que ficariam limitados a um tecto razoável. Aliás estas instituições promovem a ideia de fraternidade e igualdade de seres humanos, ou isso só fica fora das paredes das suas paróquias?
Por último propomos que os dias feriados religiosos sejam correspondentes ao culto praticado pela pessoa, os mesmos seriam apresentados axs empregadorxs no início do contrato, sem apresentação de qualquer documento de prova e devem ter a validade de um ano, sendo contabilizados como dias feriados. Deverá ser criado um tecto máximo de dias a ser atribuído a qualquer trabalhadorx.
Pedro Nemrod e Sara Mystik
follow the money
sócrates entra de carrinho, logo ao primeiro minuto, e diz SIM ao governo de salvação nacional da gente bem intencionada ...porque há tempo para as disputas e tempo para a unidade, o nosso primeiro acha possível e desejável um entendimento entre o PS, o PSD e outros partidos que se disponham a cooperar, que a democracia é o reino do compromisso e a sua riqueza é haver vários pontos de vista - mas agora esqueçam lá isso e todos juntos pelo FMI. nunca ninguém falou em união nacional, não, isso era uma coisa fascista, o que se falou foi de u-ni-da-de. podíamos ter evitado isto tudo, se tivéssemos negociado aquando do PEC IV - o PSD (que achava que esse ainda não era suficiente) nem precisava de aprovar, bastava olhar para o lado (abster-se é anuir, pois claro).
é preciso fazer uma revisão da história: não foram três PEC em que PS e PSD estiveram de acordo, não estiveram sempre bem, bem de acordo, o último já passou com muitas dificuldades... isto não ERA inevitável (como quem diz, agora é... mas, digo eu, olhe que é inviável). diz que levou o PECIV aos colegas europeus, ao banco central e à comissão europeia e eles disseram todos que estava bem - 'a Europa' punha uma linha vermilha em frente a Portugal, (e dizia 'salta', e nós saltávamos), e tínham todo um plano que resolvia todas as nossas dificuldades de financiamento. não fora a maldita crise política (e os senhores dos mercados não subiam os juros assim)...
o problema são as dívidas que já tínhamos: não havia mercado que nos emprestasse dinheiro para pagar os juros da dívida (estão a perceber a lógica??). vai daí, o pedido de ajuda. já tínhamos uma solução, vamos aplicá-la de qualquer maneira, ganhemos nós ou os outros, portanto para que foi isto tudo? era preferível pedir ajuda depois das eleições (não vá o caso das pessoas perceberem o que lhes vai acontecer, e, sei lá, votarem à esquerda).
... mas os banqueiros precisavam do dinheiro, e pressionaram, e foi tudo muito mais rápido do que ele estava à espera. para além além dos juros a subir, principalmente o 'downgrade dos bancos' colocou-os numa situação em que eles estavam com dificuldades de financiamento (tadinhos deles). o nosso sistema financeiro, os 'nossos' bancos, não tanto o estado, tinham dificuldades em financiar-se junto do BCE. sócrates está na luta para que o programa-que-vem tenha por base o PEC que foi chumbado (weeeee), se bem que a situação se deteriorou.
podemos olhar para 2011 com tranquilidade, que até nos tem sobrado dinheiro. a troika sabe bem qual é a nossa situação orçamental. e não se deixa levar.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Se fosse inevitável, seria assim. Mas não é, nem será.
Para activar a legendagem em português, basta clicar em "Select Language" e, de seguida, em "Portuguese".
A situação parece absurda.
Mas não é. Porque este vídeo captura o austeritarismo e diz-lhes, aos perpetradores austeritários, esses magos da moral e da disciplina, que professam um miasma ideológico podre e desumano.
E ainda pensam que isto é inevitável. Ou desejável. E que, caladinhos, colaboradores/colaborantes/ colaboracionistas, bateremos palmas.
Sim, baterei palmas. Quando vir o austeritarismo e respectivos porta-bandeiras a sair pela porta do fundo.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Na lista (que não se quis compor de notáveis) constam nomes como o dos humoristas Ricardo Araújo Pereira, Jel, Marta Rebelo, ex-deputada do PS, mas também elementos do movimento Geração à Rasca e muitos anónimos – médicos, engenheiros e estudantes.
Este manifesto é um grito de alerta?
(*) Versão ligeiramente diferente na edição em papel
domingo, 24 de abril de 2011
"Foi bonita a festa, pá!" Por São José Almeida
A 25 de Abril de 1974 tinha 14 anos. Pertenço à geração que se fez adulta com a democratização do país. Aprendi a importância da política e a grandeza da democracia ao vivo, vendo as tentativas reais de construção de uma sociedade mais livre, mais igualitária e mais solidária em Portugal. Tenho o privilégio de pertencer a uma geração que viveu em primeira mão o processo de democratização política, mas também económica e social, apostando no bem-estar de todos e na, cada vez mais justa, redistribuição da riqueza. Tenho o privilégio também de pertencer a uma geração que viveu na primeira pessoa a construção de uma sociedade mais livre e igualitária também nos direitos individuais, nas conquistas do feminismo e da construção de uma identidade gay.
Era demasiado nova para ter participado directamente em muita dessa construção. Pertenço à geração que chegou depois, que ficou adulta quando o espaço estava já preenchido, e que, por isso, é também a geração da descrença. A geração de que não se fala. Que aparentemente não fez nada. A geração que ainda formou a sua personalidade no fascismo e está ainda presa ao medo e à reverência, incapaz de, por exemplo, dinamizar o seu 12 de Março. A geração do assim-assim, do in-between, do pela metade, do meio, do a caminho de. A geração que se foi habituando a olhar o poder e os poderes com desconfiança, pois o fosso entre o país prometido e o país construído era cada vez mais evidente.
Mas, apesar de todas a frustrações, de todos os sonhos desfeitos como castelos na areia, de todos os entusiasmos que acabaram por morrer na praia, para a minha geração, que ainda viu escolas aonde chegavam crianças debaixo de chuva com chinelos de enfiar no dedo (que agora a moda transformou em havaianas), que viu carroças à noite a recolher restos de comida para alimentar os porcos e as galinhas, que conheceu os pobres andrajosos e sujos de Lisboa, por pouco que soubesse o que ia sendo feito, essa construção valia a pena e foi sempre uma festa. Ainda me lembro do primeiro ano de faculdade, em que, no dia 24 de Abril perto das onze da noite, quando terminou a aula, o saudosíssimo Piteira Santos perguntou: "Então! Quem vem para o Rossio festejar?" Porque a festa fazia-se então na rua. E celebrar a democracia era uma festa.
Existe, hoje, de facto, um país profunda e radicalmente diferente. Um Portugal mais livre, um Portugal mais igualitário, um Portugal mais solidário, um Portugal mais democrático. É verdade que somos uma sociedade pobre, onde cerca de quarenta por cento da população vive abaixo do limiar de pobreza e que essa percentagem só é reduzida a menos de vinte por cento pela intervenção do Estado-Providência. Modelo social que parcialmente foi introduzido por Marcello Caetano, mas que o 25 de Abril acelerou, completou e universalizou e que a adesão europeia assegurou. Esse maravilhoso mundo novo que ia ser a Comunidade Económica Europeia, depois alargada ao sonho da União Europeia a caminho do federalismo solidário - no qual acredito realmente.
É verdade que há distorções à liberdade, promiscuidade, corrupção, medo, mas há uma sociedade onde as novas gerações, que nasceram com o 25 de Abril ou depois, e que aprenderam a respirar liberdade, já fazem um 12 de Março.
Também verdade é que nos últimos dez anos, com a pressão neoliberal, imposta por essa mesma Europa - com o seu modelo de sociedade que desloca a sua razão de ser do bem-estar das pessoas para a garantia do lucro dos chamados "mercados", que é como quem diz das empresas financeiras privadas, logo de um conjunto de accionistas que atingem lucros fabulosos à custa do empobrecimento de todos -, a liberdade, a igualdade e a solidariedade têm sido postas em causa em Portugal. Mas há um núcleo essencial de direitos, a que a minha geração se habituou a chamar "Conquistas de Abril", que permanece quase intacto, pelo menos na Constituição. E que asseguram a organização do trabalho como um direito, assim como outros direitos sociais, no que toca à redistribuição da riqueza, que estão consubstanciados no Modelo Social Europeu. Para além dessa conquista fabulosa que é o Salário Mínimo - ainda me lembro que, em 1975, quando foi criado, se ouviam bocas sobre que não seria nunca cumprido, até porque ia dar azo a que os operários passassem a comer marisco...
Agora, quando o 25 de Abril faz 37 anos, o FMI está pela terceira vez em Portugal, orientado pela União Europeia e acompanhado pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu, para aplicar as suas receitas. E fazem-no, desta vez, sem disfarçar que se vive num regime pós-democrático, em que o poder político eleito já não representa o soberano, o povo, mas sim interesses privados dos chamados "mercados". Uma receita que nada tem a ver com poder democrático, nem mesmo a nível federal, mas que serve os interesses dos bancos credores do financiamento das sociedades europeias, que, nas últimas décadas, foram conduzidas a viver a crédito fácil imposto pelo marketing consumista oferecido pelos próprios bancos, que mantém hoje as pessoas e os Estados reféns.
E, cada vez mais, surge mais longe a realização do sonho do país livre, igual e solidário do 25 de Abril. Até porque muito do que é apontado como "cura" para a chamada "crise" da economia portuguesa entra em contradição e põe em causa a tal sociedade mais livre, mais igual e mais solidária contida nas "Conquistas de Abril". E a pergunta impõe-se: o que restará dessas "Conquistas de Abril", daqui a cinco anos, quando a "cura" trazida pela União Europeia já fizer efeito em Portugal?
Será que depois da "cura" se voltará a cantar, como fez Chico Buarque de Hollanda, logo em 1975, no seu Tanto Mar: "Foi bonita a festa, pá!"? Será que então o país mais livre, mais igual e mais solidário do 25 de Abril será apenas um país mais uma vez adiado ou terá sido simplesmente erradicado?
sábado, 23 de abril de 2011
Mas alguém acha que “isto está pior do que antes do 25 de Abril”?
também publicado em tambémjogamosapato